Dr. Marcelo Rocha

O músculo diafragma divide a caixa torácica, da região abdominal. Através de conexões miofasciais esse músculo se relaciona anatomicamente com as fascias cranianas, região do pescoço, pericardio, pleuras, esôfago, cordas vocais, intestinos, fígado, estômago, baço… Regula as pressões intraabdominais, contribuindo com a respiração mecânica, assim como, a estabilidade da coluna. Também influencia no sistema circulatório, sistema linfático e no sistema nervoso central. O tratamento mecânico desse músculo é indicado em diversas condições como: Dor de cabeça, dor na ATM, dor cervical, disfunções do sistema vestibular, dor orofacial, dores irradiadas para os braços, hérnia de hiato esofágico, síndrome do estômago irritável, intestino irritável, dor lombar, entre outras. Uma abordagem preventiva também pode ser realizada para melhora da postura, respiração e recuperação pós treino.

Esse artigo fala de um assunto muito interessante, é sobre o modelo biopsicossocial de exercícios científicos no tratamento da dor lombar persistente. Diversos programas de exercícios foram criados, principalmente exercícios para desenvolver o CORE. Eu já acreditei na possibilidade de que fortalecer músculos profundos, era a solução para a dor lombar crônica. Artigos atuais mostram que na dor lombar persistente os músculos profundos estão hiperativos e espessos. Isso acontece porque a pessoa que sofre com a dor lombar crônica, nunca relaxa essa musculatura no dia a dia, o excesso de força nos músculos abdominais causam dor lombar persistente. Pacientes que adotam posturas hipervigilantes, sofrem com dor lombar porque não relaxam nem por um momento. Isso pode acontecer porque um dia ouviu que a sua postura era ruim, desde então, a tentativa de se manter a coluna reta durante o dia todo é diária e  esse tipo de comportamento, causa dor lombar. Pesquisas atuais dizem que não existe postura correta, o que existe é atitude postural e isso é individual. As coisa mudam e evoluem, uma nova abordagem para o tratamento da dor lombar inespecífica é realizada com exercícios biopsicossociais e incluem a reconceitualização da dor, informações básicas sobre neurofisiologia da dor, mudança comportamental, mudança no sistema de crenças , relaxamento dos músculos abdominais durante o movimento e técnicas de respiração para tirar o foco da dor e ativar o sistema nervoso parassimpático e reequilibrar neurotransmissores. Essa abordagem contribui para apagar a memória da dor e atualmente possui forte embasamento científico.

Dicas importantes para controle da dor:

1- Se tiver um episódio de dor lombar, mantenha a calma

2- Se precisar, faça repouso por dois dias somente, o repouso absoluto aumenta os sintomas.

3- Não tome nenhum remédio, eles alteram o sistema de alarme que é a dor e aumentam a inflamação ao longo do tempo.

4- Espere até 6 semanas para fazer exames de imagem. Pesquisas dizem que exames causam efeito nocebo, iatrogenia, catastrofismo e aumento nos custos com tratamentos.

5- Não faça cirurgia! Somente 3% das pessoas com dor lombar persistente precisam operar e pessoas que operam, ao final de 2 anos, apresentam os mesmos resultados se tivessem realizado tratamento conservador.

6- As hérnias regridem espontaneamente, não se preocupe tanto com elas, pesquisas mostram que 80% dos exames são semelhantes entre pessoas sintomáticas e assintomáticas. Achados como: Desgaste, degeneração e abaulamento discal não tem relação com a dor.

7- 80% das dores lombares melhoram espontaneamente, portanto espere um pouco e mantenha a calma.

8- Faça exercícios regularmente, a atividade física e uma boa alimentação melhoram a dor crônica.

9- Pesquise sobre educação em dor, na net existem excelentes profissionais e artigos sobre o assunto. Pessoas com dor crônica, precisam saber sobrevoa dor, assumir a responsabilidade pelo sua própria melhora é fundamental.

10- Pratique exercícios respiratórios e relaxamento. Mindfullness,

meditação são excelentes para o controle da dor lombar crônica.

Espero ter ajuda com essas informações, um grande abraço a todos!

Paciente sexo feminino, 29 anos, se apresentou na clínica de Fisioterapia com parestesia na perna direita. Não havia sinais de “Red Flags.” A Ressonância Magnética revelou uma hérnia de disco lombar, estenose e compressão da raiz do nervo. Ela escolheu o tratamento conservador com fisioterapia  e uma injeção peridural de glicocorticóides. Uma Ressonância Magnética realizada 5 meses depois, apresentou resolução da herniação. A história clínica de uma hérnia é incerta, estudos mostram que os resultados são semelhantes entre cirurgia e tratamento conservador. Além disso, o risco de piora catastrófica sem cirurgia é mínimo.